Caro paroquiano ou amigo de nossa paróquia, hoje, iniciamos um novo tempo litúrgico, no calendário da Igreja: Quaresma. A Quaresma é uma expressão da Igreja que designa um tempo e uma realidade: Um tempo porque significa 40 dias, portanto, é um tempo preestabelecido e é passageiro. Vai durar um tempo. Designa um tempo porque exige uma parada, um olhar sob o deserto, mas também uma experiência de deserto, fora e dentro de nós mesmos; e, designa também uma realidade porque nos faz recordar a história do povo de Deus que viveu no deserto 40 anos; Jesus passou 40 dias no deserto... a Quaresma não é somente um preceito da fé católica, mas uma realidade da vida. Aqui notamos que é um exercício de saída e de entrada: saída do mundo que nos cerca e suas realidades, por vezes cruentas, mas também é entrada, entrada em nós mesmos, uma visita profunda em nossa alma, uma busca de domínio de nossos desejos e impulsos e, acima de tudo, um deserto cheio de descobertas, onde encontramos o oásis de nossa existência.
O profeta Joel nos ajuda a adentrar neste tempo litúrgico, quando nos convoca: “... voltai para mim com todo vosso coração...” (cf. Jl 2,12). Na verdade é um convite de Deus a todo coração que se distanciou Dele. Assim expressou Santo Agostinho, ao falar desta experiência de deserto que só foi preenchido quando ele encontrou Deus, não fora, mas dentro de si mesmo. Assim disse o Bispo de Hipona:
“TARDE TE AMEI (Santo Agostinho, Confissões, X Livro, 38)
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!
Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.
Estavas comigo, mas eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.
Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.
Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti.
Tu me tocaste, e agora ardo no desejo de tua paz”.
Ou seja, Santo Agostinho nos testemunha que a descoberta de Deus se dá quando nos encontramos. Deus não está de fora, mas dentro de nós. Quando nos encontramos, O encontramos. Então a Quaresma é um tempo de me encontrar e, me encontrando, encontro a Deus. Qual o grande problema de nosso tempo? Não precisamos ser cristãos para compreendermos que a Quaresma é extremamente importante pra vida. Onde está a nossa dificuldade? Todos queremos Cristo, o admiramos, mas rejeitamos a Cruz; queremos ressurreição, mas não queremos enfrentar a morte; queremos vencer a guerra, mas não queremos baixar nossas armas.
A Quaresma cristã é um convite a interiorização. Não é tristeza, é espera penitente e confiante, é recolhimento. É um silêncio necessário para uma
caminhada sozinha ao nosso deserto interior e nos redescobrir. É um tempo de olhar para o perdão que eu não dei e pra valorizar o toque, o aperto de mão, o abraço, o beijo. É um caminho de dor, pois nem sempre as rosas se sobressaem no jardim de noss’alma, e o espinho fere.
Portanto, fugir da quaresma... é fugir de nós mesmos. Que as palavras de Joel nos ajude a trilharmos um bom caminho de conversão: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo” (Jl 2,12-13).
Ao iniciarmos a Quaresma com a Celebração da Quarta de Cinzas, na verdade, só nos faz recordar o quão pequeno nós somos e o quanto precisamos nos converter e crer no Evangelho. Mas não esqueça Deus é capaz de fazer de nossas cinzas, grandes milagres. Deus nos quer e não desiste de nenhum de nós, mesmo que nossas misérias sejam grandes. É preciso dar passos, pois Deus nos dá o Caminho, mas os passos são nossos. Voltar o coração para Deus é reconhecer que nem sempre trilhamos o caminho certo e que precisamos o tempo todo está redirecionando o nosso caminho, a nossa vida, a nossa fé.
Aproveite! Eis o tempo de conversão... o Senhor se aproxima de nós, nos toca, curando-nos de todo mal e transformando o nosso duro coração, num coração cheio de amor e paz. Aproveite e viva esta Quaresma com verdade, sem estereótipos, mas com propósitos... pois só assim atravessaremos a Quaresma e chegaremos na Páscoa e com a certeza de Jó, diremos: “Eu sei que o meu Redentor vive!”. Nos vemos nas procissões, nas Celebrações, nos Retiros e Momentos de Espiritualidades, nos vemos no confessionário, nos propósitos de jejuns e mortificações, nos vemos na Cruz das Vias Sacras e no brilho da Luz do sábado santo para darmos glórias ao Ressuscitado, pois Ele vive! Boa Quaresma a todos!
Por Pe. Paulo Nunes Santos e Pe. Janio Reis da Silva
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